O garoto, de uns quinze anos, sorriu para ela. Talvez tenha piscado, também. Antigamente, sorriam e piscavam. Quantos desses meninos ela enredou em sua teia e comeu lentamente, quantos ela exauriu antes de mandá-los de volta para casa e para as mães aflitas, com marcas de batom e de dentes no corpo. Quantos uivaram depois diante de seu prédio, quantos tentaram subornar o porteiro, quantos ameaçaram matar-se por ela. Gostaria de nutrir-se da tenra carne desse garoto. Talvez ainda possa. Quem sabe, se ele sorrir de novo. Mas ele atravessa a rua e não se volta para olhar. Quarenta anos atrás, todos sorriam, todos olhavam, todos piscavam.
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