São monótonas as tardes dele no sofá. Arrepende-se da aversão que sempre demonstrou pela tevê. Hoje, embora ouça e enxergue mal, gostaria que a ligassem, mas não pedirá isso. Chega de capitulações. Nos primeiros dois meses dos oito em que já vive confinado na sala, teve a companhia de um gato que a filha levou para ele. Mas o sofá arranhado fez expulsarem o gato. Agora lhe sobrou a lagartixa que, quando começa a anoitecer, sai de trás do quadro e dá um cauteloso passeio pela parede. Ele a acompanha fascinado. Teme que um dia alguém - principalmente a empregada, que vive cutucando todos os cantos - a descubra e ele fique outra vez sozinho na sala.
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