Tão fácil é desistir, levantar a bandeira branca, erguer os braços, deixar que nos desarmem e nos revistem. Tão doce é nos livrarmos do peso dos sonhos, do fardo das aspírações, deixarmos que os outros brinquem de ser Fernando Pessoa. Ah, a bênção de podermos abrir a janela de manhã e não vermos no sol nenhuma cobrança. E termos o direito de bocejar, de nos espreguiçar, de olhar a vida como os outros a olham, sem querer avaliá-la, entendê-la e retratá-la. Que satisfação nos dá pertencer à maioria e que alívio é não ver no parque nada além de um gramado cheio de árvores e passarinhos, sem esperar dele uma divagação ou uma metáfora.
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