Há quanto tempo o mar que chamam vida,
Raivoso e sem nenhuma remissão,
Arroja minha frágil nau vencida
Às tristes praias da desolação.
Há quanto tempo este desejo vão
De calma, de consolo, de guarida,
Ou desvia inclemente furacão
Ou torce tempestade impressentida.
E sempre novos portos, nova gente.
Mas eu, que a sorte com ninguém reparto,
Prossigo sempre a intérmina jornada
Em busca de algo, pois não tenho nada:
Nem peito, quando chego, que me aquente,
Nem lenço que me acene quando parto.
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