Ele lhe dizia boa noite, só, com a sobriedade exigida pela boa educação. Olhava-a com olhos de cordeiro, sufocando o lobo que dentro dele queria urrar, cravar as garras, morder. Dizia boa noite e esperava que no sonho dela, ou no dele, caísse a máscara e finamente ele se mostrasse como era, um animal trancado numa jaula, esperando aquele momento único de distração da domadora, em que se atiraria sobre ela e em que talvez descobrisse que todo o tempo, enquanto ela lhe sorria sem intenção, no fundo estava sempre imaginando quando, afinal, ele ignoraria o chicote, arreganharia os dentes e eriçaria todos os pelos dela.
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