O Amor açoitava-me três vezes por dia. Na minha cela permanentemente tomada pelas trevas, seu látego moldava em mim a manhã, a tarde e a noite. Esperava por ele com uma ansiedade que ma fazia enterrar as unhas nas palmas, e os dentes no lábio. Sangrava-me de antecipado prazer e, nas costas, minhas feridas palpitavam. Eu rezava, implorava, suplicava. Eu chorava por ele, pela sua presença. Foi assim por três anos. Há um mês - se é confiável minha noção de tempo - o Amor não me visita mais. Na cela ao lado, de onde jamais vinha um som, há trinta dias ouço um assobio feroz de couro e uma voz juvenil que parece arranhar com a garganta a parede quando gozosamente pede: mais, mais, mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário