terça-feira, 2 de outubro de 2012
Heroicos vilões
No início, eram os heróis. Em torno deles se desenvolvia a trama. Os vilões eram coadjuvantes, figurantes. Por mérito, porém, os vilões passaram a ter maior destaque e já ninguém se importava se eles ocupavam cinquenta ou oitenta por cento da história. O bem acentuava-se pelo contraste com o mal. Os leitores gostaram tanto que vilões passaram a ser os protagonistas e, quando morriam na história, seus criadores eram instados a, assim como acontecia com os heróis, ressuscitá-los. Hoje, até porque é um retrato do mundo atual, os vilões se tornaram tão soberanos que, não raramente, eles são convocados a enfrentar outros vilões, para que os leitores não bocejem com os heróis. Os heróis antigos - como os de Dickens, por exemplo -, examinados sob os olhos de hoje, parecem monótonos e artificiais. Abençoados vampiros, monstros descomunais, alienígenas, extraterrestres. Que continueis vos combatendo, mas que não vos aniquileis nunca, nossos queridos heróis. E que haja para cada morte vossa uma possiblidade de ressurreição.
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