Há cinco anos que seu lugar no mundo é o terraço na frente do sobrado, onde a família o faz sentar-se de manhã e o recolhe quando começa a escurecer, para colocá-lo na cama. Não está surdo, embora garantam que sim, e poderia falar, se alguém falasse com ele. Para certificar-se de que ainda se lembra das palavras, diz algumas de vez em quando, mas elas saem como resmungos numa língua estrangeira. Olha para as flores do jardim, para as pessoas que passam em frente, para os garotos que jogam bola e perseguem pipas. Aos domingos o levam à missa. Quando o padre fala em vida eterna, ele implora a Deus que seja mentira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário