sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Amor, o verdadeiro
O amor - quando merece esse nome - é repentino como um incêndio e intenso como um vulcão. Arde, consome-se, destrói-se. Não deixa lembranças, porque não tem tempo para guardá-las - tão diferente daquele sentimento morno que lhe usurpou o nome e que vai colecionando fotos, fitas de cabelo e de vídeo, rolhas de champanhe e cardápios de hotel numa gaveta que é aberta só nas grandes ocasiões por mãos velhas que tremem ao tocar objetos tão sagrados. O amor verdadeiro não chega a completar idades, etapas, bodas. Dura o suficiente para não tornar-se ridículo, para não ser roído por traças num amarelado álbum de família. O amor de verdade vive apenas o bastante para começar a construir-se e para destruir-se ainda em construção.
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