quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Kama Sutra - LXX
Ela nunca beija; deixa-se beijar. Suas mãos não se movem enquanto as alheias, depois de apalpá-la à vontade, a conduzem ao quarto. Na cama, ela também não se mexe. Aceita as investidas e as estocadas com resignação. Imagina-se mártir, anseia pela dor e pela humilhação, concentra-se no sofrimento e às vezes, quando consegue atingi-lo, se é novo seu parceiro, ele se espanta e se assusta ao ver como ela rapidamente muda de posição e passa a montá-lo, como ela pesa sobre o seu corpo e como se contorce sobre ele, parecendo querer furá-lo. Esses acessos não costumam se estender por mais que três minutos, durante os quais ela berra interjeições de autoincitação, palavrões e outras grosserias. Depois, ela apeia, rola para o lado e, deitada novamente de costas, começa a se desculpar: "Eu não sou assim, eu juro, eu não sou assim."
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