Depois da grande dor, vem outra, bem diferente. Esta chega tão devagar que, se mantivermos nossa magoada promessa de jamais olhar para o jardim, não a notaremos. Ela vem com os delicados passos do orvalho, como um visitante que vai ver alguém no hospital e teme prejudicar o descanso do doente. Entregues ainda ao nosso infortúnio, um dia, distraidamente, abrimos a janela para o jardim e, no canteiro em que a grande dor destruiu todas as flores encarnadas, vemos uma floração nova. São flores miúdas, não tão vistosas e imponentes quanto as anteriores, mas têm também sua beleza, com as pétalas esmaltadas pela suave melancolia.
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