Quando estiveres para morrer, não estrebuches, não agonizes, não lances imprecações nem lamentos. Os poetas nos iludiram quando nos fizeram crer que devemos pontilhar nossos últimos momentos com exclamações. O mundo pouco se importa com as palavras dos vivos. Por que há de dar atenção ao que dizem os morituros? Morramos anonimamente, como morre uma formiga. Quando chega a sua hora, ela simplesmente se deixa afundar sob a folha que estiver carregando. É uma morte delicada, de um ser digno. Quem olhar verá só a folha. Se uma dessas brisas juvenis e curiosas vier, poderá até fazer falar a folha. Mas a formiga, jamais.
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