Ele sabia como doeria a saudade, quando se disseram adeus. Não se enganou. Mas não imaginava que a saudade atacaria tão traiçoeiramente, usando armas tão pequenas e tão desleais - como a lembrança de como ela cantarolava enquanto ia tirando a roupa, de como às vezes até assobiava ao fazer isso, de como parecia sempre feliz nessas horas, como se estivesse praticando um exercício num parque. E de como ria gostosamente e dizia "vê se para com esse ciúme, Toninho", quando seu gato gorducho ficava arranhando a porta fechada. E de como ria mais ainda quando, depois de aberta a porta, o gato pulava nele para deixar no seu corpo as marcas que ele hoje olha com um sorriso condescendente e triste.
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