Kama Sutra - LXXV

As duas tinham se beijado quinze anos antes, no banheiro do colégio. Nunca haviam beijado nenhum dos meninos, que as olhavam com desdém, e queriam estar preparadas para quando a ocasião chegasse. A sessão terminara com risos e a certeza de que precisavam aprender muito, ainda. Reencontraram-se hoje, por acaso, num supermercado, e o instantâneo rubor no rosto de cada uma denunciou que se lembravam bem do episódio. São agora casadas, as duas. Percorrem as gôndolas juntas, vão para o estacionamento e, enquanto uma delas põe as compras no porta-malas, a outra ajuda. Depois, vão para o carro da outra e repetem o prosaico ritual de encher o porta-malas. Em seguida, como se isso tivesse sido acertado no banheiro do colégio quinze anos antes, entram no carro e, sem uma palavra, começam a beijar-se. Logo percebem, com um prazer que as mordidinhas revelam, que aprenderam com os maridos e, não se importando com quem passa e as olha, beijam-se, beijam-se, beijam-se.