Deito-me cansado, acordo cansado, levanto-me cansado. Viver é um exercício cada vez mais penoso. Quando os ideais morrem em você, e você precisa aceitar a realidade de que é só um corpo, não há como não se enojar de tantas artérias, tantas secreções, tantos fluidos, tantas vísceras, todos esses mecanismos estúpidos que se empenham em não permitir que você morra, mesmo que essa seja sua mais cara ambição. Ah, se ao menos nosso corpo fosse leve, como o de uma pluma ou o de um passarinho, e conseguisse ir até o horizonte e ser tragado por ele. Meu corpo me sufoca como uma vergonha. Ele me repugna, e vê-lo diante de mim, no espelho, é a prova mais cabal de que Deus ou não existe ou me abandonou.
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