domingo, 17 de fevereiro de 2013
Boa noite
Que segurança me dá não poder mais ouvir tua voz. Só de imaginar-te dizendo-me boa noite agora, eu sinto todo o peso de minha covardia e tenho o ímpeto de fechar os ouvidos, afastar-me do micro e atar-me a qualquer coisa - à minha força de vontade, se eu a tivesse -, para não cair outra vez na tentação de me atirar em teus braços e pedir-te: leva-me para onde quiseres, leva-me agora, leva-me. Jamais acreditaste - porque era eu quem dizia -, mas tua voz, com sua doçura, pode matar e pode ressuscitar. Já me mataste, já me ressuscitaste, não lembras? Ainda que eu me amarre com a mais resistente das cordas, imploro-te que, pelo menos mais uma vez, me mates. Se não foi para isso, para que me ressuscitaste?
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