Não sei por que não aceitaste. Iríamos ao cinema. Sessenta anos depois, meu coração não bateria como naquelas tardes adolescentes - ou talvez batesse até mais, não sei. Nós nos sentaríamos na última fileira, a dos namorados, e eu, com heroísmo, faria deslizar a mão do encosto do assento para o teu ombro. Avançaria devagar com a perna, também, buscando contato com a tua. E tentaria beijar-te, creio que sim, e assim como na adolescência, com as garotas, não conseguiria. Mas seria bom, ah, seria, sair de mãos dadas contigo ao sol, na avenida, e pensar, como naquele tempo, que talvez na próxima vez, quem sabe...
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