Cansei de rastejar. Minha boca se cansou do gosto da terra e da grama. Andei tanto tempo de quatro, que pôr-me de pé novamente é quase uma evolução darwiniana, talvez até um milagre. Voltei a enxergar o horizonte, meu corpo está leve e redescobri minha alma. Tantos anos vivi sob a nuvem que fizeste pairar sobre mim, que minhas narinas ainda hoje pensam sentir o cheiro de enxofre. Imagino que outros já tenham te dito isso. Ou será que fui o único que atormentaste? Me lançaste ao chão, me pisaste, e só não me montaste como uma cavalgadura porque tiveste asco do meu lombo. O tempo se foi. Hoje não me montas nem que venhas com aqueles truques todos e mais alguns. Tchau, minha bela.
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