Estou sempre aqui, na sala, lendo, rabiscando alguma coisa. Às vezes, olho sem interesse para a rua. Sei que dela não me virá nada que possa acalmar a minha alma, muito menos libertá-la. Houve um tempo - longínquo, muito longínquo - em que eu poderia esperar que um veleiro viesse buscar-me, como se a rua fosse mar, e me levasse para onde as ondas quisessem. Nessa época eu era tolo e tinha a pretensão de ser poeta - o que, no fundo, é a mesma coisa. Hoje, não há tolice nem poesia em que eu possa confiar. A vida me atolou aqui, neste sofá.
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