domingo, 31 de março de 2013
Almoços de domingo nos asilos
São tristes os asilos aos domingos, quando os velhinhos que ainda têm alguma memória ficam esperando por filhos que nunca vão visitá-los. Os cinco ou seis que aparecem, com cara de quem faz imenso sacrifício ou paga penitência, assim que abraçam os velhos que lhes correspondem, passam a ser cobiçados pelos ávidos olhos de todos os outros. Se filhos já são difíceis de arrebanhar, netos são quase um milagre. Os adultos, se não têm namorada, inventam uma, dominical. Os pequenos, quando vão, dão um alozinho para o avô ou para a avó e começam a correr para todos os cantos e a se estapear. Ah, que saúde têm as crianças, dizem vozes carregadas de catarro. Todos os visitantes, filhos ou netos, estrategicamente, chegam quinze minutos antes de acabar o horário reservado a eles. A liberação, ufa, vem com a sineta do almoço. Os velhos esquecem-se rapidamente de filhos e netos e, caminhando para o refeitório, longos cinquenta passos para pernas cansadas, o cheiro de frango começa a resgatar as perdas da manhã. No domingo de Páscoa o almoço é melhor.
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