As virtudes são qualidades sociais. Virtuoso é quem a sociedade considera assim. Um artista pode ser virtuoso, desde que a virtude não chegue nem à soleira de sua arte. A literatura construída sobre normas éticas é um equívoco. O escritor, se quiser exaltar virtudes, que o faça pelo contraste, apresentando a sordidez e deixando ao leitor a possibilidade de, por ela, deduzir a pureza. Cantar a virtude, principalmente a própria, pintando-a e enfeitando-a como se pinta e se enfeita uma rameira, é também quase uma forma de sordidez.
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