quarta-feira, 13 de março de 2013
Ego
Todos os escritores são vaidosos, e acredito que não haja sequer uma exceção. Sonham com glórias, reconhecimentos, prêmios, embora afirmem desprezá-los. Ir à casa de qualquer um é encontrar, nas gavetas, recortes grandes, médios e pequenos, todos cuidadosamente datados, desde o primeiro soneto, publicado vinte e cinco anos atrás no jornalzinho do colégio, até a notinha de um parágrafo que saiu há seis anos na Vejinha. Perguntar-lhes como receberiam o Nobel é provavelmente ouvir a resposta que William Saroyan deu ao recusar o Pulitzer: "O capital não pode patrocinar a arte." Mas se satisfariam com qualquer gloríola. Por exemplo, a de apontar, num ônibus, aquela inscrição - Transporte: um direito do cidadão, um dever do Estado - e perguntar: "Sabe quem escreveu aquilo ali, sabe?" Eu, por mim, me imaginaria imortal se tivesse escrito aquele slogan fantástico, da década de 1970: "Rádio Excelsior, o maior auditório do Brasil: uma poltrona em cada lar."
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