sexta-feira, 8 de março de 2013
Ponto G
Certas revistas tratam o sexo como se fosse uma batalha, com suas estratégias de avanços e de recuos, seus lances heroicos e seus blefes, a arte de cercar sem a pressa de se apoderar (pois para a posse há o momento exato e único) e a ciência de retardar a conquista, de maneira a torná-la desejável. Há decálogos para cada item, com sugestões infalíveis para todas as etapas. Depois da conquista, seria normal que o passo seguinte fosse usufruir a vitória. E é. E também aí as revistas se prontificam a auxiliar com seus conselhos. Quando o amor, depois de sua atribulada trajetória, se aproxima da cama, já se entra em uma nova batalha, que exige também uma preparação. Essa parte, por sinal, tem ainda mais semelhança com uma guerra. Agora que se descobriu o ponto G, antiga aspiração do Marquês de Sade, as ilustrações de áreas erógenas multiplicaram-se nas revistas dedicadas à aprazível atividade sexual. Essas ilustrações, pela perfeição e pela beleza, poderiam ser atribuídas ao mestre Da Vinci. Mas, mesmo com toda sua clareza, para melhor entendê-las há um texto (mais um decálogo, é óbvio). Parece difícil memorizar tudo isso, não se descuidar de nenhum dos itens, do primeiro ao décimo, e ao mesmo tempo manter o desejo naquele nível sem o qual todo tipo de instrução é inútil. Os que recorrem a esses métodos por assim dizer científicos advertem que não se deve desanimar, se as primeiras tentativas não derem certo. Na vigésima segunda, em média, os resultados passam a ser alentadores. Eu, por mim, antes de entrar nessas modernidades, preciso buscar nos sebos instruções sobre os pontos A, B, C, D e F.
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