"Meu Deus! meu Deus! pude vê-la um instante. O quê?! Não está tão irritada quanto eu imaginava? Como?! Ainda guarda um sorriso para minha pessoa, um doce raio de sol para minhas tristezas? Levo comigo essa felicidade temendo ser desiludido por uma palavra da qual fujo sempre, eu que sempre me via tão poderoso. Um olhar me abate, uma palavra me reanima, só me sinto forte longe de seus olhos.
Sim, mereci ser humilhado pela senhora; certo, devo pagar ainda com muitos sofrimentos o instante de orgulho ao qual me entreguei. Ah! ambição risível essa... supor ser querido por uma mulher com seu talento, sua beleza!
Devo limitar as minhas pretensões apenas em servi-la. Aceito seu desprezo como uma justiça. Nada tema, eu espero, nada tema."
(Do livro Aurélia, tradução de Luís Augusto Contador Borges, publicado pela Iluminuras.)
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