Não preciso nem telefonar. Logo cedo, sem estridência de buzina e sem estampidos de moto, a tristeza já está aqui. É abrir a janela e usufruí-la. Usufruir a tristeza é algo que se aprende com o tempo, algo que se cultiva no coração e que se recolhe aos poucos. Venho recolhendo a minha pacientemente, gota a gota, dia a dia. Minha tristeza não é planta, nem flor, nem fruto. É o orvalho que toda manhã adere à planta, à flor e ao fruto. Se eu arrancar a planta, a flor e o fruto, o que há de atrair o orvalho, esse que toda manhã colho amorosamente com o dedo e cujas gotas meus olhos multiplicam com suas lágrimas?
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