sexta-feira, 26 de abril de 2013
É mais difícil,
para as palavras, encontrar seu destino à noite. Estão cansadas, já, e são distraídas e desencaminhadas pelos luminosos da cidade. Tantas coisas importantes, tantos produtos, toda a grandiosidade do mundo: automóveis, companhias aéreas, redes mundiais de lanchonetes. Pobres palavras, nascidas em outros tempos e habituadas ao pergaminho, ao papel, aos cadernos. Palavras ternas, de amor, que maluco as solta assim na noite, ao vento? Não ocorre a esse doido que há e-mails, que há celulares? Que torturado fantasma de poeta há de estar confiando suas palavras ao acaso? De que século virão essas palavras que caminham cegas pela noite, que tropeçam em estrelas e se acham representantes do amor? Que Deus as guie, que elas cheguem ao coração da amada certa, aquela única que é dona de nós e de nossa vida.
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