Meu coração está frio, minha alma está fria, meu corpo está frio. O coração e a alma já não me importam. Para que me serviriam? Ficaram no meio do caminho as estrofes, os sonetos, os quartetos, os tercetos e os dísticos finais. Não tenho mais a ilusão da poesia. Resta-me o corpo, este velho barco que me dói em todas as latitudes e longitudes. Modestas são suas necessidades. Bastam-lhe um cobertor para estender sobre as pernas, à tarde, e uma sopa quentinha, à noite. É boa a vida, começo a acreditar nisso, agora que as as rimas são só um lixo que o caminhão já recolheu e atirou à composteira.
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