quarta-feira, 17 de abril de 2013
No jornal - Oswaldo de Camargo
Oswaldo de Camargo é uma dessas figuras doces, tão raras, que temos a sorte de encontrar em nosso caminho. Foi ele quem decidiu os rumos de minha vida quando, ao nos conhecermos na Biblioteca Mário de Andrade, me perguntou se eu não gostaria de ser , como ele, revisor do Estadão, cujo prédio ficava logo ali, a duzentos metros, se tanto. Eu nem sabia o que fazia exatamente um revisor, mas marquei um teste e dali a meses estava empregado no jornal - que, pastichando uma frase do citado Mário de Andrade, acabaria sendo uma das comoções de minha vida. Oswaldo é serião, sempre foi, poeta de um lirismo inigualável, de uma tristeza na qual há muito do banzo africano, e por isso suas tiradas humorísticas tinham sempre um sabor diferente, um humour. Um dia, tendo um revisor novato falado com reverência de sua cultura refinadíssima, quase europeia, Oswaldo explicou, com um sorriso maroto: "Meu avô africano devorou um missionário inglês."
Nenhum comentário:
Postar um comentário