segunda-feira, 22 de abril de 2013
Quando me...
... lembro, me sinto tão burrico quanto o Pinóquio. Era uma manhã de sol e eu, se não era feliz, também não podia dizer o contrário. Caminhava e assobiava, talvez, já não recordo bem. Apareceram-me então duas figuras que começaram a andar comigo e a falar de uma árvore que dava os mais maravilhosos frutos, se em determinado lugar se enterrasse uma moeda. Eu, por sorte e acaso, tinha uma e, com a ajuda dos dois, plantei a moeda. No dia seguinte, ali estaria uma árvore que daria tantos deliciosos frutos que eu precisaria levar uma sacola muito grande para recolhê-los. Despedi-me dos dois amigos e mal dormi aquela noite. No dia seguinte, voltei ao lugar em que enterrara a moeda e não vi sinal nem dela nem da árvore. Passei a sonhar com os frutos todas as noites e cada vez eles me pareciam mais desejáveis e apetecíveis. Transcorreram já muitos anos e eu sonho ainda com eles, embora tenha tido uma decepção ontem. Um homem me perguntou por que eu vou todos os dias lá e, ouvindo minha história, me disse que há uns três anos viu realmente uma árvore ali, nascida repentinamente e repentinamente desaparecida. No dia em que a viu, viu também um gato e uma raposa que riam e ajudavam-se um ao outro a carregar uma sacola imensa, cheia de frutos dourados. Lembra-se de ter perguntado a eles que frutos eram, por serem tão maravilhosamente diversos de todos os outros. A raposa e o gato lhe responderam que eram frutos da árvore do amor, que os oferece só uma vez e depois morre, sem deixar sequer vestígios.
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