Aos sábados o colégio do outro lado da rua não funciona. Sem o vozerio dos alunos, os outros sons preenchem o espaço. Nenhum deles, porém, é jubiloso como o dos meninos e meninas no recreio. Passa o vendedor de algodão-doce, tocando sua cornetinha. Depois, o caminhão da Ultragaz. Outros sons percorrerão a rua. Mas nenhum substituirá o da algazarra juvenil no pátio. Nos dias, de segunda a sexta, em que ouço essas vozes, sou capaz de apostar que nelas não está incluída a de um jovem melancólico, o poeta da turma, que estará alheio a tudo, já, e assim continuará pelo resto da vida, empenhado em exprimir a dor e o sofrimento do mundo, pálido e mortificado como o arauto do Apocalipse.
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