terça-feira, 16 de abril de 2013
Tenho pena...
... de mim, do homem imaturo que eu sou, tenho horror de me expor assim, de me mostrar tão frágil, tão emasculado, tenho náuseas de mim, tenho engulhos do meu procedimento. Tantos sofrem muito mais do que eu e conseguem manter a dignidade. Eu, não. Eu me exibo aqui todos os dias, quase a horas marcadas, neste espetáculo de incomparável vileza. Eu devo gostar dessa exposição, não há outra forma de explicar isso. Eu preciso desse aviltamento, eu busco esse aviltamento, eu gozo com esse aviltamento. Eu sou uma dessas anomalias produzidas pela leitura imoderada, pelos sonhos exagerados e pelas derrotas consecutivas. Eu sou um megalômano. Não incendiarei Roma, mas quase estou a lhes dizer que ficaria muito honrado se meu psiquiatra relatasse meu caso em um congresso mundial e disso surgisse a caracterização de um distúrbio psíquico que recebesse meu nome. Doidos não querem cura, querem reconhecimento, ainda que seja o pior e o mais indigno tipo de reconhecimento.
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