sexta-feira, 24 de maio de 2013
"Poder dormir...
... sem sentir teu amor" é um verso de uma canção composta por Paulo e Marcos Sérgio Valle há cinquenta anos, por aí, e penso não ter sido à toa que ele me ocorreu agora, no fim de um dia no qual me dominaram duas emoções antônimas, ambas de índole amorosa: uma exaltada, outra serena. Toda angústia que o amor provoca nasce de nós insistirmos em arranjar-lhe sinônimos, em nomeá-lo, em chamá-lo de Lídia, Norma ou Sofia e de darmos a Lídia, ou a Norma, ou a Sofia a exclusividade de representá-lo, como se elas - ou melhor, só uma delas - pudessem fazê-lo. E aí surgem o tu, o você, o vós que aplicamos a Lídia, a Norma ou a Sofia, e as variações: teu amor, seu amor, vosso amor. Exultamos e sofremos como efeito dessa questão de nomenclatura. O amor é o amor, como quer que o chamemos: Lídia, Norma ou Sofia. O que afeta todo esse raciocínio é que, de tanto falarmos baixinho Lídia, Norma ou Sofia, parece que transferimos a esses nomes o sortilégio do amor. Digamos amor, só, e louvemos o deus, não suas sacerdotisas. Confuso esse texto? Também me pareceu.
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