segunda-feira, 17 de junho de 2013

A única esperança,

agora, é a alma. O corpo já é uma geografia de gemidos, cada vez mais fracos, porque também a garganta segue a debilidade geral. Solidária, esta garganta, pela qual passaram tantos sonetos, tantos acordes de canções de amor. Hoje ela se guarda para dizer bom dia, boa tarde e boa noite. Não quer passar por mal-educada. Mas eu ia falar da alma e aqui estou falando do corpo e de suas tristes miudezas, de seus prosaicos órgãos. Nenhum delas tem importância nenhuma. Talvez o coração tenha valido alguma coisa outrora, bem outrora, quando o amor, batendo suas asas, o alvoroçava. Hoje o coração já nem sabe se é coração, mesmo. Se lhe disserem que é um rim, ou o baço, ele acreditará. Meu pobre coração, já surdo para as palavras do amor.

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