"Uma doutora há tempos é íntima da dor. Já há dez anos ela está pesquisando o último segredo do Requiem de Mozart. Até agora ainda não foi capaz de avançar um passo, porque essa obra é impenetrável. Não temos como entender! A doutora afirma que essa é a mais genial obra feita por encomenda de toda a história da música. Esta é uma certeza inabalável, para ela e para uns poucos mais. A doutora é uma das poucas escolhidas que sabem que há coisas que, com a melhor boa vontade, não podem ser descobertas. E o que sobra para explicar a respeito disso? É inexplicável como algo assim pode ter sido criado. O mesmo vale para alguns poemas, que também não se deveria analisar. O Requiem foi pago adiantado por um desconhecido misterioso, vestido com um casaco negro de cocheiro. A doutora e outros que assistiram a esse mesmo filmes obre Mozart sabem: esse desconhecido era a morte em pessoa! Com esse pensamento ela consegue fazer um buraco na cápsula que envolve as sumidades e penetrar em seu interior. É só raramente que se consegue crescer tanto a ponto de alcançar os grandes."
(Do romance A pianista, traduzido por Luis S. Krausz, publicado pela Tordesilhas.)
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