sábado, 15 de junho de 2013

Você...

... foi se habituando a mim. Eu estava sempre no micro ou no celular, teclando para você minhas ternuras ou perguntando pelo trigo dos seus cabelos. Você foi se acostumando a tudo meu: à voz, às palavras, ao meu jeito desengonçado, ao meu receio de olhar direto nos seus olhos. Você foi se acostumando a me ver com dez ou vinte mãos quando eu estava diante de você, sem que pelo menos uma delas pegasse com carinho seu queixo e lhe dissesse eu a amo. Você foi se acostumando a mim e hoje eu sou como aquela cadeira ou aquela mesa pelas quais você passa a todo instante. Você gosta delas, principalmente daquela na qual você se senta e daquela na qual você esboça seus trabalhos. Mas você não fala com elas. Você não fala comigo.

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