À alma agradam dias assim, gelados, brumosos, envoltos em melancolia. Ela se encolhe com suas tristezas, aperta-as contra o peito, agasalha-as com o calor que lhe resta. A alma nasceu para estas neblinas, para o nariz escorrendo, para os passos friorentos. Ela aproveita para se prover de alimento nessas raras ocasiões em que o burburinho da vida não a sacode pelos ombros e não lhe cobra: "Ei, você, por que só você não dança? Você se acha melhor do que nós? Quer um gole de vinho?"
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