Quando o amor volta a dizer-lhe palavras de autoajuda (sim, é possível, você pode), ele remoça vinte anos diante do micro espantado. Abre a janela, sorri para fora e saúda os passarinhos (oi, oi, oi). A realidade custa a reinstalar-se, e às vezes ele só a restabelece depois de ir até o espelho do corredor e ver seu rosto devastado por esse mesmo amor que, por tê-lo sempre à mão, continua a procurá-lo nos dias em que, preguiçoso, não quer se cansar na busca de ombros jovens para exercitar seu chicote.
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