Quando acorda, costuma fazer comparações disparatadas. Hoje, puxando a tristeza mais para o peito, como se fosse um casaco, achou-se frágil como um cordeiro. Imaginou que no mesmo instante estivesse acordando, não longe dali, o açougueiro. Pensou no facão, nas suas vísceras expostas ao sol e às moscas da manhã, e seus olhos se orvalharam. Em seguida, porém, entreabriu um sorriso de autoironia. Assemelhar-se a um cordeiro era mais uma de suas ignomínias. Pareceu-lhe então justa a tarefa do açougueiro e justificável o facão.
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