sábado, 27 de julho de 2013
O bailarino da 7 de Abril
Um dos personagens mais interessantes de São Paulo nos anos 1970 era visto quase todas as tardes entre a uma e meia e as duas na 7 de Abril, diante do edifício dos Diários Associados. Ele escolhia um momento em que os carros estivessem mais empenhados em ultrapassar uns aos outros e atravessava a rua entre eles, com giros e rodopios, na ponta dos pés. Parecia impossível, mas sempre chegava ao outro lado, e era aplaudido com entusiasmo, como se fosse um bailarino no Municipal. Era isso, aliás, que diziam que ele tinha sido. Havia quem atrasasse seu compromisso por dez ou quinze minutos para acompanhar o espetáculo diário. Eu, por exemplo, que trabalhava na revista Visão, na Bráulio Gomes, estava sempre com os olhos prontos para ver e as mãos preparadas para as palmas.
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