"Sua esperança é que, das multidões sem cara em meio às quais se locomove, se destaque uma mulher que corresponda ao seu olhar, que deslize sem palavras para o seu lado, que volte com ele (ainda sem palavras - qual poderia ser a primeira palavra dela? - é inimaginável) para sua quitinete, faça amor com ele, desapareça no escuro, reapareça na noite seguinte (ele estará sentado com seus livros, haverá uma batida na porta), mais uma vez o abrace, mais uma vez, ao soar a meia-noite, desapareça, e assim por diante, dessa maneira transformando sua vida e liberando uma torrente de versos reprimidos nos moldes dos Sonetos de Orfeu, de Rilke."
(Do romance Juventude, tradução de José Rubens Siqueira, publicado pela Companhia das Letras.)
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