Uma sensação de nau destroçada, condenada a permanecer até o último dia do último século no fundo, olhada com estranheza e cautela pelos peixes. E sentir ainda, no que sobrou do casco, a doída lembrança do meu capitão e dos outros, joviais marinheiros, e da mulher de cabelos ruivos, clandestina, no seu camarote que era aberto só à noite, por um marujo com uma cicatriz debaixo do olho direito, que tinha nos dedos a arte de desemaranhar sedas e conhecia o caminho do sal. De todos não restam nem os ossos mais. Miraculosamente, só uma lasca do espelho onde a bela se fitava.
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