Dediquei a vida ao conhecimento da beleza. Hoje eu a reconheço onde estiver, talvez porque ela já não se camufle nem oculte. Antes, se aos meus olhos era dado o esplendor único de no final de uma trilha ver uma cachoeira onde mulheres se banhavam, elas logo - as jovens e também as nem tanto - fugiam de mim. Hoje elas se deixam ver e jogam água umas nas outras, num alvoroço de alegres passarinhos. Sabem que eu as vejo não mais com os olhos da luxúria e lastimam que, sabendo agora o que é beleza, meu canto se utilize de minha voz cansada e ininteligível. Os rouxinóis velhos cantam como pombos arrepiados pela chuva de inverno.
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