segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O cinema como objetivo

A maioria dos escritores hoje parece estar escrevendo diretamente para o cinema. Cada início de capítulo traz a posição do sol, se há nuvens no céu, se o vento balança os galhos das árvores, se os carros se movimentam rápida ou morosamente. É maçante. Num relato em primeira pessoa, é aceitável que o personagem guarde na memória certas particularidades e as transmita. Numa narrativa na terceira pessoa, essas descrições concorrem apenas para deixar no leitor a impressão de que se trata daquilo que, no meu tempo de colégio, se chamava de "encher linguiça", processo com o qual os alunos, com desnecessidades de todo tipo, se empenhavam em chegar às vinte linhas exigidas para as provas de redação.

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