"eis que estou só mais uma vez, e amarga.
desta amargura inútil que nos resta
após o sonho, após a luta, após a festa,
que trava a boca e o nosso passo embarga.
eis que estou só mais uma vez, e a febre
desta ternura imensa e sem destino
fecho no meu olhar em desatino
para que em pranto vão não se me quebre.
Busco, pois, um caminho em que derrame
esta chuva de amor que se represa
nos meus olhos doentes de cansaço.
e nada vejo em torno que reclame
ou a ternura inútil que me pesa
ou este vão amor que é meu fracasso."
(Do livro Sonegação de ternura, publicado pela Livraria 4 Artes Editora.)
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