"Todas as coisas teve e lentamente
Todas a abandonaram. Nós a vimos
Armada de beleza. A manhã
E o claro meio-dia lhe mostraram,
Desde seu zênite, os formosos reinos
Dessa terra. A tarde os foi apagando.
Os favoráveis astros (a infinita
E ubíqua rede causal) lhe haviam dado
A fortuna, que dissipa as distâncias
Como o tapete do árabe e confunde
O desejo, a posse e o dom do verso,
Que transforma as penas verdadeiras
Em música, em rumor e em símbolo,
E o fervor, e no sangue a batalha
De Ituzaingó e o peso dos louros,
E o prazer de perder-se no errante
Rio do tempo (rio e labirinto)
E no lento colorido das tardes.
Todas as coisas a deixaram, menos
Uma. A generosa cortesia
Acompanhou-a até o fim da jornada,
Para além do delírio e do eclipse,
De modo quase angelical. De Elvira
O que primeiro vi, há tantos anos,
Foi o sorriso, e o que vejo por último."
(De obras completas, tradução de Josely Vianna Baptista, Editora Globo.)
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