"E como eu estava solitário! Matilda, que perguntava timidamente se eu escrevia poesia; Matilda, que na escada ou na porta astutamente me incitava a beijá-la, só pela oportunidade de um falso tremor e um apaixonado sussurro: 'Que menino louco...' Matilda, claro, não contava. E quem mais eu conhecia em Berlim? A secretária de uma organização de assistência a émigrés; a família que me empregava como tutor; o sr. Weinstock, proprietário da livraria russa; a velhinha alemã de quem eu antes alugara um quarto - uma parca lista. De modo que todo o meu ser indefeso convidava à calamidade. Uma noite, o convite foi aceito."
(Da novela O olho, tradução de José Rubens Siqueira, publicado pela Alfaguara.)
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