Dizer que é sábado, que há um pouco de sol na rua, que cachorros tentam mostrar-nos o horizonte com seus latidos, como no poema de Lorca. Apesar da boa vontade deles, não há horizonte, como bem sabemos há tanto tempo. Sabemos também que não há Deus, nem mesmo para os homens de boa vontade. Sabemos que a esperança é uma tolice e que deveríamos ter morrido num dia distante, talvez naquele em que, ganhando enfim a bicicleta, soubemos que jamais teríamos felicidade igual. Dizer o quê? Aquilo de sempre, o óbvio. Sofremos, o que é uma forma de dizer que cumprimos nossa tarefa. Para isso foi que viemos. Não existe mais nada. O quê? O amor? Ah, por favor, conte outra.
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