sábado, 26 de outubro de 2013
Em Sartre...
... eu encontro paradoxo em algumas frases, o que é animador. Aos poucos o existencialismo vai perdendo para mim, que tão pouco li sobre ele, o pomposo ar de doutrina ou sistema e se transforma no conjunto de pensamentos de um homem que viveu com intensidade. O melhor de Sartre é a sua biografia - toda ocupada de casos amorosos com mulheres que lhe acrescentavam sempre algo e às quais ele acrescentava muito. Sartre ora diz que o inferno são os outros, ora coloca nos ombros de cada um de nós a responsabilidade pela própria vida. Dizermos que o inferno são os outros é uma forma muito cômoda de nos santificarmos. O inferno somos nós e cada ser que nos conhece sabe muito bem disso. No caso de Sartre, é impossível que ele não soubesse que para Simone de Beauvoir o inferno era ele. Ela gostava de se queimar nas chamas dele, que eram muito mais espirituais do que carnais. E Simone também não era nada tola. Defendia-se, e muito bem. Os dois não precisavam de nenhuma teoria para viver como viveram. Mas, sendo filósofos, é óbvio que uma justificação textual lhes pareceu apropriada. Foi sorte nossa terem pensado nisso. Do contrário, seriam só um casal dado a estripulias sexuais.
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