Vamos nos tornando incômodos. Quando se referem a nós, murmuram: ai, é meu carma - ou, então, ninguém merece. Na escada do metrô, suspiram, reclamam de nós. No banco, também provocamos impaciência. Saem de nosso bolso todos os papéis, menos o certo. O certo sempre ficou em casa, embora depois também lá não o achemos. Os filhos nos olham com desprazer. Na rua, fingem que não nos conhecem. Vontade de nos largar, de se desvencilhar de nós. Velhos são pegajosos, gosmentos. Velhos fedem. Por que não somem todos, por que não se tocam, por que não se matam, por que não são abduzidos? Jesus!
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