Não chegarei a te ver matrona, acomodada no sofá vendo tevê aos domingos. Não te verei bocejar longamente, à procura dos óculos. Não notarei os desenhos do tempo no teu rosto. Estarei morto e, se memória tiverem os mortos, a que eu guardarei de ti será aquela do dia no qual a beleza, escolhendo-te para exemplificá-la, fez incidir sobre ti o majestoso sol da manhã. Depois, talvez porque a representasses melhor do que ela mesma era, ela enciumada convocou uma nuvem que encobriu o sol até que entrasses na galeria e te pusesses longe do alcance dos luminosos olhos dele.
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